sexta-feira, 1 de novembro de 2019

MORTE: UM MAL-ESTAR QUE VOCÊ VAI VIVENCIAR

A morte tem seus significados influenciados em face de fatores sóciohistóricos e culturais, ou seja, o modo de enfrentá-la e seus consequentes rituais têm se transformado ao longo do tempo.
Na idade média eram consideradas com maior naturalidade, vividas no âmbito privado, familiar.
A seguir já foi percebida com maior sofrimento, como impotência e a face do morto era coberta por um tecido.
A finitude passou a relacionar-se a religiões e suas causas eram atribuídas à vontade superior, de uma divindade.
Com o avanço da ciência a morte já é encarada com inconformismo uma vez que a prosperidade do coletivo está ameaçada. A ciência desmascara a ideia de que a morte  seja uma punição divina, possibilita formas de prolongamento da vida e sofrer é negado, morrer implica em fracasso.
A morte torna-se não-dito, um tabu. Aos enfermos é omitida a morte iminente. Prevalece o segredo, o silêncio. Palavras, gestos, sentimentos tornam-se quase inaudíveis.
Pessoas não estão preparadas para a finitude, grande mal-estar civilizatório já nos primava Freud (1996).
Estudiosos diferenciaram a perda de ente querido devido a alguma doença degenerativa que proporciona um tempo maior para as pessoas se prepararem e resultaria em um luto antecipatório. Já a morte abrupta, repentina torna-se mais complexa pois implica no inesperado de um acidente, suicídio, acidente vascular encefálico, por exemplo.  A perda brusca e repentina tem uma potencialidade de paralisação, desorganização, impotência, desesperança e desamparo.
Sob âmbito cognitivo- comportamental as crenças em relação a morte são ativadas e processadas de acordo com o entendimento que o indivíduo tem em relação ao fenômeno, ou seja, a reação dependerá do estilo de enfrentamento e dos padrões anteriormente aprendidos e internalizados, interferindo e refle­tindo, principalmente, no modo de sentir e comportar-se, devido aos erros do pensamento (Remor, 1999).
Os sentimentos de incapacidade, de vulnerabilidade, no geral, predizem as dificuldades intrínsecas da perda.
Elizabeth Kübler-Ross, referência na área, propôs cinco estágios para a elaboração do luto: a negação e o isolamento, a raiva, a barganha, a depressão e a aceitação.
Inicialmente, há a recusa em aceitar a perda, a seguir a revolta com o fato, momento no qual há a procura por culpados. Posteriormente no estágio da barganha existe a tentativa de negociar os temores diante da situação, muitas das vezes com acordos e promessas direcionados a Deus.
A depressão é a quando há a quietude, a reflexão sobre a morte e sobre a vida.
Após vivenciar efetivamente a dor pela perda ocorre, por fim, a aceitação, onde a pessoa encontra maior serenidade diante do morrer.

Para  Young, J., Klosko, J., & Weishaar, M. (2008) ,  diante dessas situações as pessoas lançam mãos de comportamentos defensivos, os quais lhes  trazem segurança, também chamados de estratégias de enfrentamento, tais como :
1.     Hipercompensação: a pessoa luta contra o esquema sentindo como se o oposto fosse verdadeiro
2.     evitação: os pacientes organizam suas vidas para que o esquema não seja ativado, bloqueiam pensamentos e imagens para evitar sentimentos ativados pelo esquema; e
3.     resignação: quando os pacientes consentem o esquema, aceitam como verdadeiro,
não tentam evitar nem lutar contra ele.
Por vezes o impacto diante da morte é tão grande, o processo de luto complexo que a reorganização psíquica torna-se difícil e é importante e necessária a ajuda profissional.
Possibilitando que o paciente Identifique suas distorções cognitivas e crenças, o psicoterapeuta por meio de técnicas cognitivas-comportamentais intervirá para trazer-lhe alívio e auxiliá-lo a aceitar a perda.
Para isso, buscará descobrir, inclusive os recursos do paciente que ele próprio não está conseguindo enxergar, acolher e validar o sofrimento do enlutado, favorecendo o vínculo terapêutico, a relação de confiança. Para isso, deverá estar preparado para enfrentar a própria dor, os próprios sentimentos de perda.
Em suma, a terapia cognitivo-comportamental dispõe de ferramentas eficazes para o enfretamento do processo de luto.
Mesmo que você queira fugir, ora ou outra, a morte é um fato que terá que lidar, não é mesmo?
Com certeza você já passou por perdas.  Todos as temos, já que é inerente ao existir humano.
Brindo-lhe com as palavras de Sêneca, caro internauta:
Nisto erramos: em ver a morte à nossa frente, como um acontecimento futuro, enquanto grande parte dela já ficou para trás. Cada hora do nosso passado pertence à morte”.
Como lidou com elas? Fugiu, nada mais pode ser falado, tornou-se “segredo”? Lutou contra elas ou somente resignou-se afundando em um poço sem fundo, sem esperanças?
Então o que você compreendeu?
É melhor recolher a emoção, o choro, deixar de despedir-se do ente querido?
Será que calando-se, parando de  falar, não escutando seus sentimentos facilita o  lidar  com a sua  dor?
Não tenha vergonha de pedir ajuda, não fique paralisado.  Busque auxílio profissional pois você tem direito à Saúde Mental.

REFERÊNCIAS:

BASSO, Lissia Ana; WAINER, Ricardo. Luto e perdas repentinas: contribuições da Terapia Cognitivo-Comportamental. Rev. bras.ter. cogn.,  Rio de Janeiro ,  v. 7, n. 1, p. 35-43, jun.  2011 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872011000100007&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  27  out.  2019
Young, J., Klosko, J., & Weishaar, M. (2008) Terapia do esquema. Guia de técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras. Porto Alegre: Artmed.
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