Vemos que já naquela época, Freud compreendeu que homossexualidade em si não era motivo para análise, isot é, para tratamento, inclusive salientando que não era motivo de vergonha.
Mesmo sendo de séculos passados parece ser igualmente válida.
Seguem as imagens do manuscrito:
Vamos à carta:
"19 de abril de 1935
“Minha querida Senhora,
Lendo a sua carta, deduzo que seu filho é homossexual.
Chamou fortemente a minha atenção o fato de a senhora não mencionar este termo
na informação que acerca dele me enviou. Poderia lhe perguntar por que razão?
Não tenho dúvidas que a homossexualidade não representa uma vantagem, no
entanto, também não existem motivos para se envergonhar dela, já que isso não
supõe vício nem degradação alguma.
Não pode ser qualificada como uma doença e nós a
consideramos como uma variante da função sexual, produto de certa interrupção
no desenvolvimento sexual. Muitos homens de grande respeito da Antiguidade e
Atualidade foram homossexuais, e dentre eles, alguns dos personagens de maior
destaque na história como Platão, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, etc. É uma
grande injustiça e também uma crueldade, perseguir a homossexualidade como se
esta fosse um delito. Caso não acredite na minha palavra, sugiro-lhe a leitura
dos livros de Havelock Ellis.
A análise pode fazer outra coisa pelo seu filho. Se ele
estiver experimentando descontentamento por causa de milhares de conflitos e
inibição em relação à sua vida social a análise poderá lhe proporcionar
tranqüilidade, paz psíquica e plena eficiência, independentemente de continuar
sendo homossexual ou de mudar sua condição.
Se você mudar de ideia ele deve ser analisado por mim – eu
não espero que você vá – ele terá de vir a Viena. Não tenho a intenção de sair
daqui. No entanto, não deixe de me responder.
Sinceramente meus melhores desejos,
Sigmund Freud”
#LGBTQIA+
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