quinta-feira, 23 de julho de 2020

AVÓS E NETOS: RELACIONAMENTO BENÉFICO PARA AMBAS AS PARTES

A arte de ser avós consiste, antes de tudo, na arte de ser pais de filhos adultos, o que requer um delicado equilíbrio entre estar disponível quando necessário e não ser invasivo” (Aratangy e Postermak, 2005).
Aproximando o dia dos avós (26/07), é preciso abordar  as transformações  que aconteceram  recentemente nas relações familiares contemporâneas.
Se por um lado, a gravidez precoce na adolescência pode  possibilitar  que os “pais” sejam avós aos  30 e poucos anos;  por outro lado, se os filhos permanecem estudando,  dedicados à carreira , até na dependência dos próprios  pais, podem tornarem-se avós com mais de 50 anos.
Não mais existe um único modelo, uma única configuração familiar.
E você que tipo de avó, avô tornou-se? Viveu somente uma das situações ou ambas?



Com a maior expectativa de vida, hoje avós podem conviver  por mais tempo com seus netos, vê-los crescer e até constituírem família.     Desse modo, não pode ser negada a influência entre as várias gerações.
Os avós têm função de ensinar os filhos a desempenharem seus papéis parentais.
Os avós transmitem aos netos a herança cultural, inscrevem o neto na história e legados familiares.
Quando um avô, uma avó conta suas histórias aos netos (as) tem a possibilidade  ressignificá-las, isto é, de dar  sentido à própria existência, ao próprio ser.  Consequentemente, podem  despertar nos netos a reflexão sobre o sentido do existir no mundo e sobre a finitude, já que passaram por diversas reflexões , haja vista, ser típica da fase de envelhecimento.
Expressar as memórias não é reviver, mas reinventar, reconstruir com ideias e imagens atuais as lembranças do passado nos  ensinou a socióloga Ecléa Bosi.  É a possibilidade de recriação de novos espaços.
Há um senso comum de que avós deseducam, são permissivos.
Existem poucos estudos sobre relacionamento entre avós e netos, no entanto, existe pesquisa apontando sobre quando os avós necessitam assumir a educação dos netos, substituem os pais. não são permissivos e podem propiciar-lhes bem-estar.
Em pesquisa com avós que cuidam do netos cotidianamente, assumem papel maternal apresentam-se conscientes desses papéis e  gostariam de poder efetivamente exercer o papel de avós.
Pode haver muitos conflitos entre as gerações, entre avós e netos. Em minha experiência profissional visualizei  histórias tristes, nas quais, relacionamentos conflituosos entre  pais e filhos, entre mãe e filha  levam a ações judiciais, disputas infindáveis, por vezes, cristalização de papéis  indevidos, que inviabilizam a mudança, a transformação.  Por vezes, a avó  não possibilita que a mãe possa  buscar refazer seu relacionamento com o filho, exercer .devidamente seu papel maternal. Referida disputa assemelha-se à disputa de guarda em caso de separação judicial.
Em suma, nesta complexa trama de convivência entre diversas gerações, pode ser difícil estabelecer a  distância equilibrada entre  apoio e intrusão.
Concluo mencionando que o relacionamento entre avós e netos (as)  pode ser benéfico para ambos (as) , proporcionar influências  em seus psiquismos.
 Expresso minha gratidão por ter convivido com meus quatro avós: Victório, Angelina, Emídio e Ana, todos imprescindíveis e constituintes do que sou hoje, de minha estrutura psíquica ; cada um a seu modo.
Parabéns e um viva a todos os avós.
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