quarta-feira, 27 de junho de 2018

FALANDO SOBRE ADOÇÃO

           Cláudia Maria Tamaso

Dentre as formas de parentalidade há a adoção. Quem pode negar e dizer que seja inferior, superior? 

Segundo nos mostrou o antropólogo Levi – Strauss, a concepção de família deve ir além da consanguinidade para considerar a afinidade.

Por meio da adoção sonhos se concretizam, formam-se laços.

Considerando que maternagem e paternagem são funções aprendidas, culturais, não instintivas e naturais, o ato da filiação firma-se a partir do desejo, ou seja, é preciso desejar um filho. Desejo narcísico, que expõe por vezes uma ferida aberta da infertilidade.

Desse modo, é importante que a mãe desejante tenha trabalhado seu eu, tal como o futuro pai e o casal tenha trabalhado sua conjugalidade, ou seja, além de indivíduos, ter formado um “nós”.

Nessa trajetória pela busca do sonho, por vezes os pretendentes se deparam com a frustração, haja vista alguns mitos em torno do tema, que dificultam a interação da nova família.

Citemos, então alguns deles:

- a história pregressa da criança pode ser apagada, esquecida;

- por meio da genética pode-se transmitir a transgressão, a marginalidade;

- somente laços de sangue são verdadeiros;

- existe crianças em demasia em abandono;

- que a semelhança física entre adotados e adotantes facilita a adaptação;

- o abandono cria situações traumáticas.

Aprisionados a mitos e preconceitos, o sociedade, por vezes, alguns pretendentes à adoção e também alguns profissionais, esquecem-se de que:

Há um descompasso entre os quereres. Os indicadores mostram que os pretendentes, em geral, buscam uma criança, de até 05 anos, saudável, sendo que as crianças/adolescentes disponíveis para adoção são a partir de 06 anos em grupos de irmãos.

Somos um ser minemônico, não passamos uma borracha no passado, somente o reescrevemos. Sim, podemos reescrever nossa história. Há muitas crianças resilientes, que enfrentam a adversidade, com recursos psíquicos. Não podemos transformar o abandono em sina, em uma predestinação fatalista de transtorno, problema. O próprio Bowlby, em sua teoria do apego, expôs possibilidades alternativas de cuidados maternos. Acrescentamos que a criança tem condições de manter objetos internos isoladamente, e desenvolver um apego seguro com uma figura mesmo tendo outros apegos inseguros.

Enfim, há vida como qualquer outra, para a família por adoção: com dificuldades e emoções: saúde/doença: alegrias e tristezas, ganhos e perdas, medos, culpas, orgulho e vergonha, raiva e, amor.

Portanto, cuide-se, abra-se e liberte-se para mais esta forma de amor.#psicologianaveia


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