sábado, 25 de maio de 2019

FALANDO SOBRE ADOÇÃO



D

entre as formas de parentalidade há a adoção.  "E quem há de negar que esta lhe é” inferior, parafraseando Caetano. Segundo nos mostrou o antropólogo Levi – Strauss, a concepção de família deve ir além da consanguinidade para considerar a afinidade.
Por meio da adoção sonhos se concretizam, formam-se laços.
Por meio deste artigo busco integrar aportes teóricos a  experiência de mais de 27 anos em adoção, seja na habilitação de casais, colocação da criança em adoção e acompanhamento das famílias além de cursos preparatórios para  os pretendentes
Considerando que maternagem e paternagem são funções aprendidas, culturais, não instintivas e naturais, o ato da filiação firma-se a partir do desejo, ou seja, é preciso desejar um filho.
E. Batinder já mostro-nos bem isso em sua obra “O mito do amor materno".
Ademais, não tem como cegar os olhos à realidade que no traz estatísticas de violência doméstica contra criança e adolescentes, inclusive o infanticídio.

Ser mãe, ser pai, desejo narcísico, que expõe por vezes uma ferida aberta da infertilidade.
Desse modo, é importante que a mãe desejante tenha trabalhado seu eu, tal como o futuro pai e o casal tenha trabalhado sua conjugalidade,  ou seja, além de indivíduos,  ter formado um “nós”.
Nessa trajetória pela busca do sonho, por vezes os pretendentes se deparam com a frustração, haja vista alguns mitos em torno do tema, que dificultam a interação da nova família.
Citemos, então alguns deles:
- a história pregressa da criança pode ser apagada, esquecida;
- por meio da genética pode-se transmitir a transgressão, a marginalidade;
- somente laços de sangue são verdadeiros;
- existe crianças em demasia em abandono;
- que a semelhança física entre adotados e adotantes facilita a adaptação;
- o abandono cria situações traumáticas.
Aprisionados a mitos e preconceitos, por vezes, a sociedade,  alguns pretendentes à adoção e também alguns profissionais, esquecem-se de que:
Há um descompasso entre os quereres. Os indicadores mostram que os pretendentes, em geral, buscam uma  criança, de até 05 anos,  saudável, sendo que as crianças/adolescentes disponíveis para adoção são a partir de 06 anos em grupos de irmãos.
Somos um ser minemônico, não passamos uma borracha no passado, somente o reescrevemos. Sim, podemos reescrever nossa história.  Há muitas crianças resilientes, que enfrentam a adversidade, com recursos psíquicos. Não podemos transformar o abandono em sina, em uma predestinação fatalista de transtorno, problema. O próprio Bowlby, em sua teoria do apego, expôs possibilidades alternativas de cuidados maternos.  Acrescentamos que a criança tem condições de manter objetos internos isoladamente, e desenvolver um apego seguro com uma figura mesmo tendo outros apegos inseguros.
Enfim, há muita vida para a família por adoção: com dificuldades e emoções: saúde/doença: alegrias e tristezas, ganhos e perdas, medos, culpas, orgulho e vergonha, raiva e, amor.
Um ponto de apoio, principalmente durante a espera do filho, ergue-se nos Grupos de Apoio à adoção. Isso não exclui a importância da psicoterapia individual ou familiar em algum momento na vida da família adotante e/ou criança por adoção.
É preciso muito preparo, estudo, habilidade para poder compreender a rede de afetos na família por adoção, a questão da identidade da criança / adolescente que vivenciou o processo adotivo. Mais que humanidade, uma formação genérica em Psicologia, esse profissional da área psi, precisa ter conteúdo,  bagagem teórica, ter especialidade no tema para trazer à família angustiada (por vezes cheia de perguntas e questões) segurança e propiciar recursos para que ela encontre alternativas e resolução de problemas.
Portanto, cuide-se, abra-se e liberte-se para mais esta forma de amor.
Gostou? Deixe sua curtida. Compartilhe com amigos.
#psicologianaveia
http://cmtamaso.blogspot.com
#psicologia
#adoção
#psicologiadaadoção
#cna
#terapiafamiliar
#psicologiajurídia
#psicologiaforense











Nenhum comentário:

Postar um comentário